Comprava o jornal e, com um pequeno suspiro de alívio, sentava-se a lê-lo no café, em geral na mesa junto à vitrine, de onde podia ver quem passava na rua. Na altura de pagar trocava sempre com o empregado algumas impressões sobre as notícias. Pelo menos sobre futebol, desastres de viação, aumento da criminalidade, ou sobre as guerras que havia no mundo. Entendiam-se bem sobre o futebol, porque eram do mesmo clube, e quanto aos desastres, à criminalidade e às guerras, era consolador verificar que não tinham absolutamente nada a ver com eles. Partilhavam, portanto, opiniões e sentimentos, verificava com prazer. Batia-lhe no ombro, ao ir-se embora, e deixava de boa vontade uma gorjeta.
Teolinda Gersão
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